É 20 de março de 2012, estou aqui vendo você dormir. Entre caretas e sorrisos, te contemplo: estás a sonhar. Dei-me conta, nesse sublime momento, que, nesses dois últimos anos, as mudanças mais importantes da minha vida aconteceram em março.
Em 20 de março de 2010, me via sentada dentro de um pequeno apartamento, olhando fixa para algumas caixas de papelão ainda cheias de coisas que representavam a minha vida e a minha história. Elas diziam-me: é preciso recomeçar!! E isso é importante Laura, saber recomeçar. Foi naquele março que a mamãe aprendeu a confiar em si mesma, a entender que a vida tem peças inusitadas, mas que sempre conseguimos indumentária para atuar, pra vencer e finalizar o espetáculo.
Foi lá o recomeço, não apenas de um novo lar, também, de uma nova forma de amar, como se eu, inconscientemente, me preparace para algo mágico que não sabia que estava por vir. Naquele momento, como pode acontecer a qualquer um, filha, eu só precisava e queria ficar quieta. Parecia que tudo a minha volta havia estacionado, inclusive eu. Mal sabia eu que o melhor estava por vir.
Por outro lado, em 20 de março de 2011 o clima era outro. O lugar? Era o mesmo. As emoções, entretanto, eram as mais contrárias aquelas sentidas há um ano. Mamãe já havia reconstruído o lar, porque aquele apartamento pequenino passou a ser o meu (e depois o nosso) porto seguro. Era mais que uma casa; foi onde eu aprendi a segurança e o amadurecimento.
Numa tarde linda e ensolarada, como só Porto Alegre consegue ter, sem expectativa alguma e numa entrega total, você foi concebida. Talvez essa aproximação espiritual já estivesse acertada com o plano maior. Foi muito diferente das outras vezes em que a mamãe encontrara o papai.
Pois é, Laura....as águas de março parecem remecher a areia das nossas vidas. É hoje, por incrível que pareça, um 20 de março (de 2012). Estou aqui deitada ao teu lado, refletindo sobre estas coincidências e percebendo que, novamente, vivencio a necessidade de decidir.
Mamãe foi pega de surpresa por uma descoberta. Estamos aqui na Jarda, onde passamos o verão; esse nosso cantinho do litoral. É aqui, com o barulhinho do mar, com o silêncio da natureza, com tua companhia e com palavras amigas da tia Grazi, que vou elaborando essas descobertas e esses sentimentos. Papai, como sempre, invasivo, invasor, avassalador...
Faz bem para a alma ter no que pensar e ter por quem sentir. Sem sentimentos não somos completos. A maior maravilha trazida pelas águas de março foi VOCÊ!!!
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