Compartilhando a notícia!

     As pessoas que compartilharam dos dois dias de ansiedade anteriores ao teste, foram as primeiras para quais eu liguei assim que tirei a fitinha: minha irmã, Cristiane, que me deu a “dica” e a minha amiga Andréia Gallio. Elas sentiram comigo essa emoção. Antes de qualquer anúncio, eu precisava falar com o pai, o Diego.

     Laura, não foi uma conversa muito fácil. Já havíamos nos despedido um do outro, para ficarmos na caverna das boas lembranças. E a vida tratou de nos reaproximar. Depois de trocarmos inúmeros torpedos e dois telefonemas, conseguimos conversar.

     Há momentos na vida em que precisamos compreender as razões do outro, minha filha. As pessoas têm sempre um motivo para as suas atitudes, embora, muitas vezes, não entendamos o porquê. Assim aconteceu com a gente. O papai ficou surpreso e assustado ao mesmo tempo. A única frase que ele sabia dizer é: Não sei o que dizer!! Ele ainda não entendia o que o plano espiritual tinha traçado a nós três e, naquele momento, nem a mamãe. Ele precisou de tempo, um tempo que a mamãe conseguiu dar a ele, para que ele conseguisse elaborar essa novidade.

     Como vais ouvir muitas vezes na vida, o tempo é sábio. Ainda lembro do teu movimento na primeira vez que o papai te tocou ainda na barriga da mamãe. Uma ligação que eu não consegui entender. Era dia dos pais quando ele foi nos visitar. Ficou bastante emocionado ao te ver no DVD, suas primeiras imagens no ultrassom. Ele chorou e explicou pra gente o que estava acontecendo com ele.

     Nós estávamos juntinhas e ele de longe foi entendendo que você crescia e se tornaria presente nas nossas vidas. Não foram muitas visitas, mas ao tocar a barriga da mamãe, você o sentia. E o amor vai nascendo assim, meu anjo, das descobertas. Ele descobrindo você e a gente descobrindo um pouquinho do papai. A presença dele, mesmo na ausência, era pra você. E a mamãe fez de tudo pra deixar vocês pertinho um do outro.

     Sei que em muitos momentos sentiste a mamãe triste e questionou as lágrimas que eu deixava cair. Também era algo diferente e inusitado pra mim, e nem sempre a gente sabe lidar com o novo. É preciso aprender e se mostrar disposto a aceitar as maravilhas que a vida nos reserva.

     E a notícia pra vovó e familiares foi acanhada mas cheia de comemorações. Era a minha vida ganhando vida!! Salve a vinda desse bebê, disse o dindo Miltom. Dai em diante a notícia correu, mesmo a mamãe estando acanhada, as felicitações dos amigos foram muitas!!

O Resgate de Leituras Importantes

Eu precisava entender. Os livros lidos em 2009, guardados num cantinho da estante, retomaram seus lugares na cabeceira da cama. Apenas a espiritualidade poderia me ajudar a aceitar que as coisas nem sempre acontecem como planejamos.

Embora muitooo FELIZ, a mamãe ainda estava confusa. O plano era estudar, ter um bom emprego, casar e ter filhos. E não aconteceu nessa ordem, nem da maneira que eu tinha imaginado. Era preciso reconstruir e curtir!! Tentar construir um Plano B (também boa dica de filme). E reconstruir é um processo lento, doloroso e revelador!!

          “A interação das capacidades do casal com as do espírito reencarnate é responsável por orientar a multiplicação das células do milagre da vida. A confiança que lhes é depositada baseia-se em suas possibilidades de amparo, de sustentação e de amor a esse pequeno ser.”

Gestação: Encontro entre Almas

A Escolha dos Pais

‘O triângulo constituído por pai, mãe e filho sempre resulta de uma continuidade necesária para todos os envolvidos na nova constelação familiar. (...) Nossas dívidas se fazem muitas vezes dentro do núcleo familiar, e retornamos para corrigir as distorções, no mesmo meio.”

Gestação: Sublime Intercâmbio

Papai!!

  Enquanto observava o resultado do teste, percebia o quanto o universo é capaz de nos apresentar surpresas: eu precisava contar para o Diego.

     Ele que entrara na minha vida de forma avassaladora, mas não duradoura, tornava-se, hoje, mais do que um dia eu imaginara. Penso que é importante, filha, conhecer um pouquinho do que foi a nossa curta e intensa história.

    A tia Pri, uma antiga amiga, conseguiu tirar a mamãe de casa, por conta de seu aniversário. Nessa época a mamãe estava se recompondo de uma separação e ver pessoas era o melhor a fazer, embora sem muita vontade. Na companhia da tia Rosana, acabamos indo num lugar chamado Bongô, que a tia Pri adorava. Era uma noite agradável de inverno, 3 de julho de 2010.

     Nos conhecemos na fila. Ele estava há alguns metros de mim e seu olhar ia e vinha na minha direção. Saia, scarpam e uma tatto à mostra nos pés renderam vários sorrisos. É, o sorriso do papai é lindo e muito sedutor.  São aqueles momentos especiais, Laura, que acontecem quando a gente menos espera e que são muito bons!!!

     Se alguém me contasse que um dia teríamos um filho, eu não acreditaria, ele não é de entregar o coração tão fácil assim. Não emplacamos um namoro, mas também não nos afastamos. Tínhamos vidas e objetivos diferentes, o que nos tonava únicos e distantes.

    Foram alguns meses assim. A mamãe adorava conversar com ele em tardes regadas a chimarrão. Um homem com certo mistério no olhar, de poucas palavras, fala calma, e forte, com um poder de persuasão incrível mas que escondia um medo imenso de se envolver. Já a mamãe que falava pelos cotovelos, foi adorando aquilo diferente que estava acontecendo.

     E aquilo que a gente não consegue explicar aconteceu; a vida nos separou e depois nos reaproximou. Papai procurou a mamãe desde janeiro de 2011, mas só conseguimos nos ver em março de 2011, o dia em que concebemos você!!

     A vida de um novo ser já é programada no mundo espiritual bem antes de se seu retorno a esse plano. Ainda não entendemos muitas das coisas que nos acontecem nessa existência, mas com certeza sempre há um motivo. E você, Laura, foi feita de muito carinho, de muito desejo e muito sentimento. Você é meu motivo e meu ensinamento.

A Primeira Consulta!!

A primeira consulta!!

     Ainda com a notícia acelerando o coração, era hora de ligar pro médico.

     Me lembro nitidamente do sorriso do meu gineco, Dr. Rogéiro Seerig, que a partir de agora seria meu obstetra. E então vou fazer um parto teu, brincou ele (ele que foi obstetra da Dinda Cris, que te deu 4 primos).  O acolhimento dele foi importante para reduzir a tensão que a mamãe estava sentindo.

     É, eu realmente estava grávida. Você estava lá, na tela do Ultrasom, do tamanho de um feijão. Eu já levava você comigo há seis semanas. Quando eu te vi, foi impossível conter as lágrimas. Elas foram carregadas de muita emoção. Deus me concedeu esse direito!!

     Era hora de contar a noticía para a família. A tia Cris já sabia, afinal ela dera a dica quando viu a mãe vomitando nas manhãs do feriado de Páscoa.

Nada é por acaso!!!

“Como assim grávida?” A pergunta insistia a todo momento, por tudo que a mamãe havia enfrentado.

Antes de eu conhecer teu pai, Laura, a mamãe foi casada por 5 anos. No último ano e meio do casamento tentamos engravidar, sem sucesso. Foram muitas idas a médicos, tentativas frustadas e muitos exames. Não houve um, nesses 18 meses, que o resultado negativo do HCG me fizesse chorar. Até pensaram que a mamãe pudesse ter um adenoma de hipófise (um pequeno tumor numa glândula no cerébro, reponsável pela regulação dos hormônios), mas não era.

Nem sempre a vida segue o rumo que a gente planeja. Nessas horas, minha filha, a gente precisa ter coragem pra mudar e aceitar. A mamãe acabou de separando, uma história que um dia te contarei,  e procurou aceitar que talvez não fosse merecedora do que hoje está sentindo com a tua chegada! Algo naquela história não estava previsto.

A mamãe não mantinha um relacionamento firme com o papai, e numa situação com pouquíssimas probabilidades, aconteceu. Realmente, as pessoas entram e saem da vida da gente quando é o tempo certo. Conjecturar tudo isso foi complicado, mas de um rico aprendizado emocional e espiritual.

“Muitas vezes perder algo de valor em mudanças impostas pelo sofrimento, é o jeito de encontrar algo de mais precioso pelo caminho”. Emmanuel

Deu positivo!!

A manhã do dia 25 de abril de 2011 foi muito esperada, mal havia conseguido dormir. Era uma segunda-feira ensolarada de outono. Entre o pode ser e o não pode ser, abri o pacote em que estava escrito: GravTest. Sim, era um teste de gravidez. Aqueles 5 minutos de espera do resultado foram longos e acompanhados de um enorme frio na barriga!!

         Duas tiras de cor rosa apareceram assim que retirei a fita da amostra de urina: DEU POSITIVO!!! A sensação daquele momento foi uma mistura de alegria, euforia, perplexidade e medo!!! Eu estava grávida!! Eu sorria, eu chorava e não conseguia pensar!! A emoção me tomou por completo!! Eu que havia desejado tanto e esperado tanto, e aconteceu assim, quando menos esperava!!

            Você estava lá, meu amor!! De imediato, como num ato de reflexo maternal, levei a minha mão ao ventre e deixei as lágrimas escaparem pelas janelas da alma!!